sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Canadá: Impressões como visitantes - Língua

Como turistas, nosso principal contato com as pessoas é no comércio e em restaurantes. Eu esperava ser atendido de vez em quando por pessoas bilíngues. Eu achei que seria principalmente em shoppings, grandes lojas e restaurantes no centro de Montreal, em Gatineau e na parte turística de Ville de Québec.

Como meu francês não é tão bom assim, os atendentes passavam a falar em inglês quando a conversa não fluia bem. Acredito que pelo menos 95% das pessoas com quem falei falavam inglês. Isso inclui a garçonete em um restaurante simples em Verdun, os balconistas da farmácia e da loja de conveniência em Ville de Quebéc, os atendentes da praça de alimentação de um shopping no fim do mundo em Gatineau e, pasmem, até um "operário-mendigo" que veio pedir dinheiro para o ônibus em Rosemont.

A minha sensação é que, pelo menos nas cidades que eu visitei, é mais difícil arrumar um emprego um pouco melhor se você não falar as duas línguas. Outra constatação foi que o meu francês precisa evoluir muito até que eu consiga entender os nativos conversando entre si.

Um ponto curioso sobre Ottawa: Como minha mulher não fala inglês, ela falava francês com as pessoas. Lá foi o contrário: Quase ninguém falava francês.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Canadá: Impressões como visitantes - Transporte e moradia

Voltei hoje de uma viagem ao Québec como turista. Fomos ver o quanto a grama do vizinho é mais verde. Eu já tinha visitado Toronto em 2001, mas minha esposa não tinha ido ainda. Como é uma decisão radical largar tudo e ir morar em outro país, fomos fazer uma viagem de reconhecimento. Eu entendo que a visão que temos do país como visitantes é bastante limitada comparada com a de imigrantes, mas fomos procurando olhar ao menos alguns pontos relevantes.

Os pontos principais que focamos foi transporte e moradia. Inicialmente, a vida que eu procuro no Canadá não inclui ter um carro. Portanto, morar em locais com transporte frequente era o primeiro fator de escolha. Baseados nisso e em outras dicas sobre bairros dadas por brasileiros imigrantes, definimos as regiões desejadas. Procuramos anúncios de apartamentos no Kijiji nestas regiões e fomos até em frente dos prédios. Desta forma pudemos conhecer os meios de transporte e ter uma idéia geral do bairro. Claro que ver o prédio por fora não significa nada, mas era melhor do que simplesmente vagarmos por ruas escolhidas ao acaso.

Em Montreal só utilizamos metrô, portanto não sei como seria a vida com integração de ônibus. Como foi a maior cidade visitada, foi a que visitamos mais bairros: Rosemont, Outremont, Westmont, trechos de Cote-des-Neiges, Verdun (até o Parque Angrignon), além do centro. Os bairros "*mont" me lembram aquele ditado: "Há um mundo melhor, mas ele é bem mais caro". Achei que Westmont é um bairro de cair o queixo. No final do Boulevard de Maisonneuve tinha uma Lamborguini estacionada na rua, o que eu considerei uma dica que morar naquele bairro talvez não caiba no meu poder aquisitivo. Eu gostei bastante de Verdun, principalmente entre as estações Jolicoeur e Angrignon. Não me sinto qualificado para comentar Cote-des-Neiges, pois aparentemente o bairro é bastante heterogêneo. O centro me lembra o Brasil: Lojas de grife e muitos mendigos.

Em Gatineau, no primeiro dia visitamos Hull e no segundo alugamos um carro e visitamos Gatineau, Aylmer e Manoir des Trembles. Não usamos transporte coletivo, pois lemos que lá é complicado depender de ônibus. Hull é legal no trecho extremamente perto de Ottawa. Em alguns quarteirões para frente já fica bem mais bizarro. Manoir des Trembles parece o cenário de "Desperate Housewives". Aylmer e Gatineau (região do Boulevard de Maloney) são lugares razoavelmente bonitos e pacatos. Acho que deve ser uma cidade boa para viver, mas tive a forte impressão que realmente seria necessário ter carro.

Em Ville de Québec focamos nossa busca no trecho percorrido pelo Metrobus do centro até Sainte-Foy. Deu para entender porque tantos brasileiros imigram para uma cidade tão pequena. A sensação de qualidade de vida é muito grande: Muito verde, pouco trânsito e pouco stress. Os motoristas de ônibus parecem felizes. O problema é que não é rápido: Leva cerca de meia hora para ir de ônibus de Sainte-Foy até o centro. Na terça-feira fomos até o ponto final da linha 800 do Metrobus: É no meio do nada, um lugar onde só tem mato. Literalmente. Eu esperava um terminal de transferência com diversas plataformas e ônibus indo para mais longe ainda.

Escolhi estas cidades por acreditar que elas são as melhores opções para arranjar emprego e também devido à minha visão pré-concebida de como elas seriam: Montreal seria a metrópole onde há emprego, mas eu gastaria uma hora e meia para ir de casa ao trabalho e todo mundo lá seria árabe, indiano ou chinês. A Ville de Québec seria uma cidadezinha minúscula onde ninguém falaria inglês. Gatineau seria uma cidade dormitório sem empregos e economia própria, onde todo mundo iria trabalhar em Ottawa.

Nesta viagem constatei que todas estes preconceitos eram fortes demais: Em Montreal acredito ser viável morar a meia hora do centro usando o metrô. A proporção de "minorias visíveis" que eu encontrei foi bem menor do que eu esperava. Ville de Québec é uma cidade geograficamente muito grande e todo mundo que encontrei no comércio fala inglês. Minha impressão sobre Gatineau não mudou muito, mas talvez eu não tenha ido aos lugares corretos.

Minha conclusão foi que as três cidades oferecem estilos de vida diferentes: Montreal é a metrópole onde há muitas opções de quase tudo. Ville de Québec é uma versão mais "cidade pequena", sendo uma cidade mais Quebequense. Gatineau é mais "subúrbio", no sentido estadunidense do termo, e achei que ela é muito mais Ontário do que Québec.